domingo, setembro 27, 2009

Titanic: A Grande Injustiça

Por: Maurício O. Freire
















Essa manhã me peguei assistindo a mais uma exibição, pela TV Record, de uma das grandes obras do cinema americano: Titanic, de 1997 de James Cameron. E, enquanto me atia aos detalhes das cenas trágicas, ricas em detalhes e com uma carga dramática impressionante, me parei para refletir sobre o quão injustas muitas pessoas foram com esse filme a partir do momento que a “grande febre” foi perdendo intensidade.

Quem é que não se lembra do fenômeno que o filme foi na ocasião de seu lançamento – cinemas abarrotados, filas gigantescas em todas as sessões. Na TV, em muitas emissoras, eram exibidos documentários diversos sobre a tragédia ocorrida no inicio do século passado e que deu origem ao filme, e como o mesmo fora produzido (todo o esforço empregado pela produção, o orçamento necessário e etc). Muitos o consideravam o melhor filme de todos os tempos, e afirmavam se emocionar toda vez que o assistiam; inclusive gente famosa e formadora de opinião.

Sendo assim, por que, hoje, muitas pessoas nem se quer se lembram dele quando questionadas sobre quais filmes consideram os melhores já produzidos? Por que ele deixou de pertencer a listas dos mais bem elaborados e notáveis, na opinião geral? Por que criticam emissoras como a Record sempre que elas decidem exibi-lo, novamente, em sua grade de programação?

Talvez a mesquinhez de pessoas que se esforçaram em encontrar erros (pequenos) na obra, tentando provar que ela – apesar de grandiosa – ainda é imperfeita, tenha contribuído, em parte, para que ela caísse no esquecimento. Mas ai eu pergunto: é possível criar uma produção dessa grandeza, utilizando o mínimo de recursos gráficos (lembremos que uma réplica imensa do navio foi construída no México, com um tanque gigantesco) de forma que ela fique 100% perfeita? Sem falarmos na qualidade da história, que divertiu e emocionou talvez a todos que acompanharam as quase três horas de projeção.

Que ser humano, por mais talentoso que seja, e por mais recursos disponíveis que possa empregar, é capaz de atingir a perfeição? Me refiro, aqui, principalmente ao ramo cinematográfico. É uma pena quando as pessoas deixam de enxergar o conjunto da obra, sua intenção e todo o esforço empregado e passam a ver apenas os erros, criticando e questionando a capacidade dos seus realizadores. A essas pessoas, eu gostaria apenas de dizer: tentem fazer melhor!

E, se tivesse que escolher uma palavra diferente das que utilizei anteriormente para descrever o filme Titanic, eu escolheria: memorável.

sábado, setembro 26, 2009

Olhar da Semana: Dina

Por: Maurício O. Freire

Dina é funcionária Pública da cidade de Diadema, onde exerce a função de Técnica Administrativa. Tem 34 anos, é casada, mora em São Paulo com a família. Se considera uma pessoa com gosto diversificado para a arte, sendo bastante eclética no que diz respeito à música. Também adora ler (livros de ficção e os Clássicos da Literatura Brasileira), ver filmes e ir ao teatro.


JO: Você se considera uma pessoa Culta?
Dina: Sim, pois busco varias formas de me manter atualizada e de me entreter com algo que possa contribuir para minha formação intelectual.

JO: Para você, Arte está associada ao entretenimento?
Dina: Sim, pois deve ser, acima de tudo, algo prazeroso.

JO: Qual tipo de expressão artística você admira mais?
Dina: todas: Música, Dança, Teatro e Exposições.

JO: E com que freqüência você procura ir a lugares onde você possa ter esse contato com a arte?
Dina: Sempre que posso. Pelo menos uma vez por mês.

JO: Qual experiência mais te marcou até agora?
Dina: Uma apresentação que vi do Holiday on Ice.

JO: E o que você gostaria de ver algum dia?
Dina: A um espetáculo do Cirque du Soleil.

JO: Qual artista você adimira mais, seja Pintor, Cantor, Ator, Diretor ou Escritor? E por quê?
Dina: Dan Brown. Pela criatividade, o talento para escrever suspense e pelo dinamismo das suas histórias, que não ficam paradas e cansativas.

JO: Quais filmes você mais gostou e recomenda:
Dina: A Cor Púrpura (de 1985 com a Whoopi Goldberg e direção de Steven Spielberg), Pela reflexão que ele propõe quanto à questão do preconceito racial. E Seven (de 1995 com Brad Pitt e Morgan Freeman e direção de David Fincher), devido ao final surpreendente e todo o suspense e tensão do filme.

JO: E quanto a séries de TV. Alguma que você gosta e recomenda?
Dina: CSI, por conta dos enigmas e das investigações dos crimes, em si. E Plantão Médico, pelos temas diferentes abordados a cada capítulo.

JO: Por que a arte deve fazer parte do dia-a-dia das pessoas?
Dina: Porque é através dela que nós mantemos nossa mente aberta, nos permitindo novas experiências e um aprendizado constante. Só assim podemos nos tornar pessoas melhores.

Olhar da Semana: Nilva

Por: Maurício O. Freire


Nilva Helena tem 40 anos. É funcionária Pública há 7 anos, formada em Direito. Casada, mora em Santo André com o marido – seu parceiro de programas culturais. Adora cinema, teatro e procura esse tipo de entretenimento pelo menos duas vezes por mês.

JO: Você considera a arte importante para as pessoas? Por quê?

Nilva: Sim, fundamental. Ela faz parte da essência do ser humano.

JO: Qual filme você acha que te marcou mais e que você recomendaria?

Nilva: Um Sonho de Liberdade (de 1994 com Tim Robbins e Mogan Freeman com direção de Frank Darabont) pois mostra o esforço de um prisioneiro em provar sua inocência, lutando contra a injustiça e a corrupção.

JO: E tem algum músico que você admira?

Nilva: Emilio Santiago, pela voz maravilhora e a “roupagem”que ele dá às músicas que interpreta. E o compositor João Bosco, que considero muito talentoso.

JO: Com qual estilo literário ou escritor você se identifica mais?

Nilva: Sidney Sheldom e Daniele Still, porque adoro romances.

JO: O que ou quem você gostaria de ver de perto um dia?

Nilva: Os espetáculos da Broadway.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Curta de animação surrealista: Neighbours




Norman McLaren desenhando no filme

O projeto Cineclube, da cidade de Santo André (SP), tem uma proposta interessante: divulgar filmes fora do circuito comercial. Filmes independentes, que jamais seriam vistos por uma pessoa comum, pois são filmes fora de catálogo.

Numa das vezes que eu e um amigo meu fomos, assisti a um documentário sobre Norman McLaren, um diretor de curtas metragens de animação.

Pioneiro do cinema e fundador do departamento de animação do National Film Board of Canadá (NFB/ONF), Norman McLaren (1914–1987) é um dos maiores nomes da história do cinema de animação; um artista cujo brilho, criatividade e consciência social continuam a influenciar os cineastas até hoje. Desde as primeiras experiências cinematográficas na Escócia em 1933 até seu último filme no NFB/ONFem 1983, o conjunto das obras de McLaren revela talento e criatividade extraordinários, bem como profundas raízes humanistas.

McLaren era artista complexo e criador prolífico, e abriu novos caminhos e possibilidades dentro de um leque amplo de mídias e estilos. Foi um mestre do “filme direto” – ao desenhar e riscar no celulóide, criando até mesmo sons sintéticos ao desenhar sobre pistas ópticas sonoras. Abriu caminho na técnica chamada pixilation, na qual atores e objetos são filmados quadro a quadro e transformados em marionetes. Foi pioneiro na “música visual”, explorando novas maneiras para criar representações visuais da música que ele tanto amou, e outras vezes explorou o movimento puro. Cinema abstrato, surrealista, dança – nenhuma área ficou ausente da incansável imaginação de McLaren.

Norman McLaren, acima de tudo, era movido por um profundo compromisso com o pacifismo, os direitos humanos e a justiça social. Da mesma maneira como foi um inovador na forma, ele liderou a fusão da arte com a consciência social, e este legado inspirou gerações de cineastas engajados em questões sociais.

Fonte: Canadá Internacional

Um dos curtas que me chamou a atenção foi Neighbours. Feita com a técnica de Pixilation (descrita acima), a animação mostra como uma amizade entre vizinhos pode transformar-se em inimizade pela cobiça material e "territorial" - neste caso, uma flor que nasce entre o gramado das duas casas(!).

É interessante extrapolar a idéia do filme para algo maior, pois ele faz uma crítica ao instinto humano de procurar motivos (ou desculpas) para entrar em brigas (ou guerras).

Uma ótima animação, inovadora (mesmo para os tempos atuais), surreal, bem-humorada e imprevisível. Ganhador do Oscar de 1953.



Se você curtiu, fique tranquilo, pois no Youtube tem muito mais trabalhos de Norman McLaren!

Abraços!

Links recomendados:
Mini-críticas para mini-filmes: recomendação e exibição de curtas.
Animamundi: assista algumas das animações premiadas no Animamundi.
Portacurtas: portal de exibição de curta-metragens brasileiros.

domingo, setembro 20, 2009

Análise: Up - Altas Aventuras


Título original: Up
Gênero: Animação
Duração: 96 min
Origem: EUA
Estréia - EUA: 29 de Maio de 2009
Estréia - Brasil: 04 de Setembro de 2009
Estúdio: Pixar Animation Studio/Walt Disney Pictures
Direção: Pete Docter, Bob Peterson (Monstros S.A)
Roteiro: Bob Peterson
Produção: Jonas Rivera

Sinopse

"Os estúdios Walt Disney Pictures e Pixar Animation levam as plateias do cinema para bem alto e bem longe com seu show de fantasia "Up – Altas Aventuras". Apresentado em 3D, o filme conta a edificante história de um velhinho viúvo chamado Carl Fredricksen, com seus setenta e poucos anos de idade, passou a vida sonhando em explorar o planeta e viver plenamente a vida. Até que um plano mirabolante invade sua cabeça teimosa: fazer sua casa inteira levantar vôo e transportá-la dos Estados Unidos a um lugar em meio às montanhas da floresta venezuelana. Um erro de percurso faz sua casa cair e ele tem de seguir sua viagem a pé, com a ajuda de um escoteiro gordinho e muito dedicado. Mas nessa jornada eles vão enfrentar muitos vilões, bestas e situações absurdas."

Análise

Atualmente, não se discute se um filme da Pixar é bom ou ruim. Se discute se ele é melhor ou pior que Wall-e. Você pode duvidar da importância de Wall-e para o cinema mas, com toda certeza, foi um filme ousado, que revolucionou a forma de se fazer animação. Por isso, está sendo usado como referência.

Quanto a Up, alguns críticos influentes, como Pablo Villaça, dizem ser inferior ao Wall-e. Outros, como o Érico Borgo, do Omelete, disse que "provavelmente, a Pixar nunca vai atingir seu auge".

Eu, como fã de animação e como fã da Pixar, devo minha opinião: não é melhor que Wall-e e nem que Ratattouile, mas é melhor que Monstros S.A. e Procurando Nemo, por exemplo.

O início, que mostra a vida de Carl desde a infância até velhice, é de uma sensibilidade incrível. É sublime, espetacular.

Depois desta pequena, porém importante, introdução, o filme mostra um dia comum na vida de Carl. E, como de costume, o imprevisível: é interessante a cena que mostra o local onde Carl vive, causando uma surpresa - sendo inclusive uma cena engraçada.

Um pouco depois, quando a viagem propriamente dita começa, o filme muda de ritmo e clima, mas sempre com a sutileza característica da Pixar. Ele fica bem mais alegre - e também divertido e cheio de situações perigosas, típicas de filmes de aventura.




É incrível, também, a capacidade deles de criar personagens marcantes. Além do velhinho e do escoteiro mirim Russel, aparecem Kevin (uma ave gigante que é fêmea, apesar do nome) e Dug, um cão carente (aparentemente da raça Golden) e que fala (de uma forma curiosa e interessante, que não vou contar aqui).




Neste momento, surgem vários outros personagens - incluindo vários cachorros "falantes". A quantidade de cachorros falantes, e seus comportamentos, dão a sensação do filme ser mais infantil do que Wall-e - não que isso seja um defeito.

O único defeito, que faz com que o filme não seja tão bom quanto Wall-e, é a previsibilidade em alguns trechos do filme. Nada demais, afinal, as qualidades são tantas que enfraquecem os defeitos.

É interessante também observar a simbologia presente em algumas cenas: a casa voanto, que representa a liberdade alcançada na terceira idade, e a cena em que os móveis vão sendo jogados fora, que representa a libertação do passado - esta segunda, inclusive, é sublime.

Há um outro detalhesinho também, mas nada muito importante, que devo citar: a qualidade da animação da Pixar. Simplesmente embasbacante! O comportamento dos cães é idêntico aos cães reais. Vale lembrar que o filme está sendo exibido em 3D, que faz uma diferença grande, aumentando muito a imersão do filme.

Conclusão

É um excelente filme, recomendadíssimo para todo tipo de público, mas principalmente, pra quem é fã de animação. Apesar de não ser tão revolucionário quanto Wall-e, prova que a Pixar ainda tem muito talento, e que eles não dependem de "continuações" nem de "contos de fadas adaptados para o cinema", e que a ousadia continua sendo uma característica importante em suas criações.

Nota: 9

Trailer:
Youtube

Fontes:

Imagens, ficha técnica e sinopse:
Cinema com Rapadura

Análises comentadas no post:
Omelete
Cinema em Cena

sábado, setembro 19, 2009

Quem ainda não conhece Nip/Tuck?

Por: Maurício O. Freire


Bem vindo ao mundo das cirurgias estéticas, onde ter um rosto “perfeito” e um corpo escultural é o que vale.

Tendo isso em mente, e avistando à frente um futuro promissor – atendendo os mais privilegiados de Los Angeles (aqueles que podem pagar para ter o visual que sempre sonharam) os cirurgiões plásticos Christian Troy (Julian MacMahon) e Sean McNamara (Dylan Walsh) resolvem montar, em sociedade, a clínica McNamara/Troy.


Ambos são amigos desde os tempos de faculdade, e vêm alimentando esse sonho antigo – que finalmente dá certo. O que ele não podiam prever é que nem tudo correria de forma perfeita na vida deles.
Além de amigo, Christian é padrinho do filho mais velho de Sean, ou pelo menos o filho que todos acreditam ser dele; uma vez que Christian e a esposa de Sean, Julia (Joely Richardson), que nutriam um sentimento mútuo, acabam tendo um caso pouco antes do casamento dela com Sean.
À medida que certos segredos vão sendo revelados, o casamento de Sean – que já não andava muito bem – acaba chegando à beira do abismo. E Christian, que nunca viu a possibilidade de levar uma vida como a de Sean, assiste a tudo isso de perto, procurando aconselhar e apoiar o amigo, mas sem deixar de levar a vida promiscua e alimentar sua compulsão por sexo. E isso não é difícil, considerando sua profissão e condição financeira.
Sean não vê problemas nisso, desde que Christian não se relacione com as pacientes ou funcionárias da clínica. E nisso o amigo não obedece; pelo contrário, protagoniza cenas tórridas de sexo a cada capítulo, das mais variadas formas e com a maior variedade de mulheres possível; coisas “leves” como: sexo a três, mais de três, gêmeas, mãe e filha, grávida e por ai vai. Detalhe: sem nunca se envolver verdadeiramente com nenhuma delas, chegando, muitas vezes, a humilhá-las.



Mas esses não são os únicos personagens que contribuem para tornar essa série mais complexa. Outros, igualmente intrigantes, nos entretém com seus dramas e conflitos pessoais. A própria Julia, sufocada com os problemas que enfrenta em seu casamento com Sean, procura uma forma de lidar com suas dúvidas, insatisfações e a propensão que tem para a infidelidade. Além disso, se vê consumida pelo segredo que esconde a respeito da paternidade do seu filho mais velho, Matt (John Hensley).
Esse, por sua vez, enfrenta os dilemas da juventude da forma que pode, sem encontrar um modelo de comportamento – possível apenas através de uma família bem estruturada. Matt acaba, por vezes, envolvido em relacionamentos errados e situações arriscadas. A coisa só piora quando Christian resolve arrastá-lo para a vida que leva.




Agora, o melhor da série, está nos personagens coadjuvantes (os pacientes da clínica McNamara/Troy) que nos trazem histórias interessantes e, muitas vezes, polêmicas. Detalhe: cada capítulo da série leva o nome do paciente em questão. Acredito que são eles, acima de tudo, que dão motivo para a série existir.




Sempre apresentando casos intrigantes, tendo como finalidade uma cirurgia estética que pode mudar suas vidas – às vezes justificada, outras por simples questão de vaidade ou obsessão. E, para acompanhar os procedimentos cirúrgicos aos quais esses pacientes são submetidos, é preciso ter estômago forte, já que os produtores não poupam certos detalhes, optando por tornar as cenas bastante realistas. Inclusive, isso acaba dando mais gás a essa série criada e muito bem elaborada por Ryan Murphy, que mistura casos polêmicos, situações realistas e extremas baseadas no comportamento do ser humano, na sua essência, com seus problemas, defeitos, vícios, perversões e (por que não?) qualidades.



É difícil não se envolver e se encantar com Nip/Tuck, ainda mais quem gosta de encarar a verdade de frente, de forma explícita.
Além do mais, quem é que não tem defeitos? Quem é que não sofre? Quem é que não gostaria de ter um corpo perfeito às vezes? Um rosto perfeito, talvez? Uma vida perfeita?



sexta-feira, setembro 18, 2009

Por dentro de Grey's Anatomy

Por: Maurício O. Freire

Esse Post é dedicado àqueles que gostam de séries americanas e estão sempre à procura de novas e interessantes opções.




Aproveito, agora, para falar um pouco sobre a série classificada por mim como a numero um das 10 melhores séries que já vi. Para quem ainda não conhece, farei uma breve apresentação, realçando suas qualidades.

A série começa quando cinco estudantes de medicina são aceitos como internos no conceituado hospital Seattle Grace, em Washington (Meredith Grey - Ellen Pompeo, Cristina Yang – Sandra Oh, Isobel "Izzie" Stevens – Katherine Heigl, Alex Karev – Justin Chambers e George O'Malley – T. R. Knight). Todos são aspirantes a cirurgiões, durante as três primeiras temporadas, se esforçam para serem aprovados em seus exames a fim de se tornarem médicos residentes.

Só que essa tarefa não é nada fácil pois, logo no primeiro dia, eles descobrem que a rotina de um hospital pode ser muito cansativa e estressante, apresentando casos complexos e que requerem coragem, habilidade e um grande preparo intelectual e emocional por parte deles. E, uma das principais regras é que eles não se envolvam com os pacientes, devendo ser o mais profissional possível. Acontece que o ser humano é movido pela emoção, e não é fácil para ninguém, inclusive para um médico, separar o lado emocional do lado profissional. É ai que nós mergulhamos fundo nos dramas e relacionamentos pessoais de cada um dos personagens, conhecendo bem sua personalidade, opiniões, gostos, anseios, amores e desafetos.
E por acompanhar cada uma de suas conquistas ou fracassos no difícil caminho que eles percorrem para atingir seu objetivo, é que nos cativamos cada vez mais com cada um, e nos identificamos, também.

A protagonista, Meredith, apesar de muitas vezes indecisa e confusa, acaba cativando pelo seu jeito meigo e companheiro. E é triste saber o drama que ela passava com sua mãe, que outrora fora uma grande cirurgiã e que hoje sofre de Alzheimer.
O mesmo, pode se dizer de Izzie Stevens que, apesar de ter sido julgada por suas atitudes no passado, teve seus motivos e que são bem justificados como, por exemplo: SPOILERS – continue a ler por conta e risco – o fato de ter posado nua para bancar sua faculdade, ou o abandono de sua filha uma numa época em que não tinha condições de cuidar da criança – fim do SPOILER.
Além dessas, há ainda a inteligente e obstinada Christina, muitas vezes irônica e sempre focada em sua carreira. E os homens: George e Alex Karev, donos de personalidades muito distintas, mas que conseguem cativar os espectadores, cada um do seu jeito. Karev, mais no decorrer dos capítulos, por volta da metade da segunda temporada em diante. Mas vale a pena esperar, agüentando seu ego e sua arrogância durante o início da série.


Além de se relacionarem entre si, como bons amigos, eles se vêem envolvidos em relacionamentos amorosos com médicos residentes do hospital, com quem trabalham. Alguns deles chegando até mesmo à beira do altar. Porém, como toda boa série, essa é cheia de surpresas e reviravoltas, o que a torna mais completa, não permitindo que ela caia na mesmice.

Misturando drama, romance e comédia na medida certa, ainda trás um tema que desperta o interesse de alguns (espiritismo) na medida em que foge do foco da ciência e da rasão e sugere o que pode haver do “outro lado da vida”, quando o ser humano deixa o plano físico. Mas isso é citado apenas em alguns capítulos, mostrando a habilidade dos criadores em, através da série, mexer com a emoções dos que vivenciam os fatos (personagens) e dos que os testemunham (nós espectadores). É muito fácil, para os mais sensíveis e emotivos, rir e chorar em um único capítulo.

Recentemente encerrei a terceira temporada e estou ansioso para continuar de onde parei, pois sei que muita coisa acontece mais para frente, muitas novidades. E o melhor: a série não esmoreceu no decorrer das temporadas; pelo contrário, continua mantendo seu vigor e fazendo o mesmo sucesso, se não mais. Ponto para a grande Shonda Rhimes, criadora da série, pela sua inteligência, seu talento, inspiração e muito bom gosto.


P.S.: para os interessados, uma dica: não perca tempo, assista! Afinal de contas, já está na sexta temporada lá fora.

As 10 Melhores Séries que já assisti - Parte 1

Por: Maurício O. Freire

Esse Post é dedicado àqueles que gostam de séries americanas e procuram por dicas sobre novas e interessantes opções.

Destaque:


Eu posso dizer que, juntamente com Blossom, essa foi a série de TV que me fez tomar gosto por esse tipo de programa. Apesar de ser uma série cômica - que não é o meu gênero preferido - conseguiu me arrancar boas gargalhadas em vários dos episódios que assisti. Não é difícil de imaginar o motivo pelo qual ela se tornou um fenômeno, chegando a 10º Temporada. Todos os personagens são encantadores, especialmente a dedicada e metódica Mônica, a avoada e espirituosa Phoebe e o hilário e simpático Joe (que ganhou uma série própria, engraçada, porem não tão bem sucedida). Não entra na minha lista das 10+, mas eu não podia deixar de reservar um espaço para elogiá-la, pois ela merece.


Vamos à relação das 10+ então:


10 - [Early Edition]


Essa, com certeza, merecia entrar no meu top 10 das melhores séries que assisti. Acredito que o ano de 2002, para mim, foi marcado por essa série, graças à idéia gênial da Record de reprisar todos os capítulos, de todas as temporadas, diariamente. E olha que eu nunca me interessei em acompanhá-la quando era exibida semanalmente, nas tardes de domingo. Mas série que é boa e assim, você assiste a um capítulo, gosta... Resolve acompanhar o seguinte e... se apaixona. Foi o que aconteceu comigo. Após o terceiro eu já não conseguia mais parar de ver. Todos os personagens, inclusive o chato do Chuck Fisherman, são extremamente carismáticos. E, apesar de não se tratar de uma idéia original, a série revolucionou, de certa forma, a maneira de fazer ficção ao apresentar um sujeito pacato, entrando na casa dos 30, solteiro e sem muitas perspectivas com relação ao futuro que, inexplicavelmente, é presenteado com um artefato misterioso (um jornal que apresenta as notícias do dia seguinte) e resolve usá-lo para fazer o bem - numa tentativa, talvez, de dar uma sacudida na sua vida monótona.


Eu digo que não se trata de uma ideia original pelo fato de acontecer algo parecido com Marty McFly em 'De Volta para o Futuro 2' (quem assistiu vai se lembrar, e quem ainda não viu... não sabe o que perde). Porem, é revolucionaria na medida em que coloca um sujeito sem poderes com uma missão que não lhe é imposta, apenas sujerida, em uma cidade real - no caso da série, Chicago - com pessoas comuns e situações que acontecem normalmente no dia-a-dia - partindo, às vezes, para acontecimentos inverossímeis mas que, para quem gosta de ficção, acabam se tornando perfeitamente aceitáveis.

09 - [House]


Outra série que merece uma posição entre as 10 mais. E só coloco à frente da anterior pelo fato de ter-me cativado apenas com os primeiros episódios da segunda temporada (quer motivo maior?). Infelizmente não tive a oportunidade de acompanhar o primeiro ano, mas consegui me acostumar com o ritmo da série e, principalmente, com os personagens - que são o seu forte. Com certeza essa não é uma das séries que agrada a todos e, por isso, eu não a recomendo para ninguém; talvez para aqueles que apreciam a comédias de humor negro, com tiradas sarcásticas e atitudes inusitadas e pouco convencionais (essa últimas concedidas pelo protagonista da série, que por sinal dá nome a ela). Por ser tratar de uma série dinâmica com capítulos independentes, diálogos rápidos e recheados de termos técnicos é necessário muita atenção para a compreenção do desenrolar dos fatos e apreciação dos desfechos, sempre imprevisíveis, que nos dão um motivo para querer continuar acompanhando capítulo após capítulo.

08 - [CSI]


Apesar de ser uma série com capítulos independentes, coisa que não me agrada muito, de não ser inovadora, de trazer conclusões pouco plausíveis em muitos episódios - sem falar no fato de tratar sempre de dois casos diferentes no mesmo episódio, o que dificulta muito o acompanhamento do raciocínio dos investigadores e, consequentemente, a compreensão das histórias - essa série agrada pela ótima produção, realmente caprichada com bom investimento, comparado a uma produção cinematográfica; pelo bom desempenho dos atores (com exceção de Georde Eads), que nos passam credibilidade em suas atuações e, também, pelo clima de mistério criado em cada caso. São esses fatores, somados ao conhecimento a respeito de assuntos diversos que nos são passados pela brilhante equipe de Gil Grissom a cada capítulo e a forma transparente com que as ações dos criminosos são apresentadas que nos prendem a ela, mesmo que seja difícil (volto a repedir) de compreender ou aceitar, muitas vezes, as conclusões dos casos.

07 - [Cold Case]


Ou 'Arquivo Morto', como o SBT preferiu chamar. Uma excelente série, no mesmo estilo de CSI (com o mesmo produtor, inclusive), mas com um diferencial: apenas um caso a ser resolvido por capítulo. Nessa série, os protagonista são Lilly Rush e seu companheiro Scot Vellance que têm como tarefa resolver casos antigos e, aparentemente, insolúveis. Usando apenas determinação e inteligência - suas principais armas - os dois detetives partem em busca de pistas que possam levá-los à conclusão dos casos. Os capítulos são sempre bem elaborados, os atores demonstram bom desempenho em suas atuações e, o que é melhor, a trilha sonora é composta de ótimas músicas da época em que ocorreram os crimes. E tudo isso misturado com a sensibilidade com que os dramas são abordados (não sei se pelo fato de termos uma mulher como protagonista da série ou da necessidade de torná-la o mais diferente possível de CSI) é que tornam essa série uma das melhores. Mesmo a segunda e a terceira temporada, que são bem inferiores à primeira, não me tiraram a vontade de continuar a acompanhá-la.


06 - [The Closer]


Outra série que merecia um lugar na minha lista das 10+. Não só pelo fato de a personagem principal ser muito carismática, como as situações em que ela se envolve são sempre hilárias. Os casos vão ficando mais interessantes, tensos e difíceis de serem resolvidos a cada capítulo, porém a equipe de policiais investigadores de Los Angeles (da qual Brenda Lee, personagem principal, é delegada) acaba “tirando de letra”. O foco da série, assim como as duas séries que citei anteriormente, está nas investigações criminais e não na vida particular dos personagens, mas é inegável que cada um deles contribui com uma boa dose de humor que contrasta com a tensão que acompanha o mistério que envolve os crimes, balanceando tudo isso na medida certa. Esses, sem dúvida, são os motivos que tornaram a série muito interessante.

Continua na Parte 2...

As 10 Melhores Séries que já assisti - Parte 2

Por: Maurício O. Freire

05 - [Desperate Housewives]



Essa série entrou na minha vida definitivamente. É impressionante a quantidade de eventos que podem ocorrer em uma mesma vizinhança de classe média. Um ponto positivo para Marc Cherry, que soube reunir em uma mesma história drama, romance, comédia e muito suspense. Sem dúvidas ele foi muito inteligente ao abordar (à moda de Manuel Carlos) questões sociais, dramas familiares, com uma boa dose de humor negro, tornando-a atraente e divertida.Há pouco o que dizer a respeito dos personagens, apenas que são apaixonantes. A cada capítulo um novo fato surge, mudando o rumo dos acontecimentos constantemente (o que torna a série não só imprevisível, como muito empolgante). E como não se render a uma trama que é 'novelizada' e cheia de mistérios? Mais dois pontos para o autor.


Acabei dando uma pausa na série após a segunda temporada, mas estou ansioso para voltar a acompanhar as desventuras das donas de casa que, entre erros e acertos, tornam a vida de cada um que assiste e é apaixonado pela série (como eu) um pouco mais divertida.


04 - [Oz]


Essa, definitivamente, é uma séria para poucos. Já pela abertura é possível se ter uma noção do quão violenta ela é. Eu tive o prazer de assistir a todos os episódios de todas as temporadas que o SBT exibiu ao longo de alguns anos (e mais de uma vez!). Não porque eu seja uma pessoa violenta (eu repudio qualquer forma de violência, na verdade), mas por se tratar de uma série bastante tensa, dramática e que aborda vários temas como: preconceito, homossexualismo, intolerância, sexo - de forma muito explícita até. Oz possui um enredo muito bem elaborado e bons atores, o que torna cada um dos capítulos bastante apreciável. É com ansiedade que eu esperava pela próxima semana, ao fim de cada capítulo, para saber o que iria acontecer - ah, é também uma série "novelizada", como Desperate Housewives. Pena que, por ser uma série da HBO, cada temporada tinha no máximo 13 episódios. Mas o melhor é que a série não foi perdendo a intensidade com o passar nos anos; pelo contrário, continuou mantendo o mesmo rítmo, com personagens novos que substituiam os que tinham tido um fim (muitas vezes trágico) nas temporadas anteriores, desenvolvendo novos laços e vivenciando novas experiências com os prisioneiros já conhecidos da Prisão de Segurança Máxima. E isso é que era outro fator curioso com relação à série: a afeição que os criminosos, por mais vis que fossem, conseguiam despertar no público. Não estou dizendo que era fácil morrer de amores por eles, mas pelo menos uma certa admiração. Não sei se por causa dos atores, com suas atuações brilhantes, ou se pelo roteiro em si... mas o fato é que algumas figuras deixavam saudades quando, por um motivo ou outro, abandonavam a história. Eu mesmo considerava vários deles muito interessantes; em especial Chistopher Keller que, para mim, era de longe o melhor! Ponto para o SBT por tê-la exibido durante tanto tempo, sem se esquecer de nenhuma das seis temporadas (bem que podia ter mais!).


03 – [Nip/Tuck]


Continuando a polêmica, mais uma série representante desse gênero “drama-polêmico” para a minha lista. E ocupando uma posição de destaque (as três melhores!). Não que eu tenha um gosto mórbido a ponto de apreciar procedimentos cirúrgicos bastante explícitos (o que requer estômago forte de uns), mas eu posso dizer que essas cenas apimentam um pouco mais a série, ou melhor, acabam sendo essenciais para uma série que tem a pretensão de ser “séria” usando como tema principal a onda das cirurgias estéticas. Mas, indo mais a fundo, isso não é tudo nessa série que, tendo dois protagonistas (Christian Troy e Sean McNamara, sócios da clinica Mcnamara/Troy) usa os personagens para mostrar a natureza do ser humano: seus medos, suas ambições, vícios e fraquezas. Abordando temas intrigantes que vão desde incesto e compulsão sexual a trafico de órgãos, ela acaba envolvendo facilmente o espectador, que se vê preso a cada capítulo esperando a conclusão de situações vividas pelos personagens principais – o que normalmente só ocorre no final de cada uma das curtas temporadas compostas por cerca de 15 capítulos. Destaque para a terceira temporada que insere um assassino serial na trama, aumentando o suspense dessa série que já é rica em drama e humor negro.

02 – [Lost]


É óbvio que essa não poderia ficar de fora. Ainda mais para alguém que gosta de variedade de gêneros, especialmente drama e suspense (combinação perfeita). Como o meu amigo Jayson já havia comentado antes no seu post sobre a série (http://jovensolhares.blogspot.com/2009/08/primeiras-impressoes-lost-primeira.html), o forte dela sãos os personagens bem elaborados, os dramas vivenciados por cada um. Seus relacionamentos dentro da ilha, e as surpresas que nos são entregues aos poucos sobre quem são realmente cada um deles, o que fizeram antes do acidente e o que os levou até aquela ilha. Porém, as maiores de todas as perguntas que os espectadores e fãs da série se fazem ainda não foram respondidas. Com sua ultima temporada prevista para ir ao ar lá fora no inicio do próximo ano, só nos resta aguardar para saber como será a conclusão dessa história tão intrigante: o que é realmente aquela ilha, o que ela representa, porque razão os personagens foram parar lá (com que propósito)? E, acima de tudo, torcer para que o final seja convincente e agrade a todos nós, sem deixar dúvidas ou fatos sem serem esclarecidos.


01 – [Grey’s Anatomy]


Por que escolhi essa série como minha favorita? A resposta é simples: devido a sua simplicidade. Sim, é com simplicidade que essa série, apesar de ficção (ficção ordinária, como o próprio Jayson já nos explicou em outro de seus posts: http://jovensolhares.blogspot.com/2009/09/ficcao-cientifica-recomendacoes-parte-1.html) ela retrata bem a rotina de um hospital, apresentando casos diferentes a cada capitulo, sem sair do foco principal: os dramas e relacionamentos vivdos pelos personagens. Novamente drama? (sim, caso contrário não estaria entre as minhas preferidas). Porém, dessa vez de forma mais leve – como em Desperate Housewives – muito bem equilibrado com momentos de humor (também leve e inteligente) e situações que nos vão surpreendendo no decorrer das temporadas.


Eu, que gostava muito da série House, e ainda gosto, tenho que admitir que a troquei por Grey’s Anatomy, rapidamente, pela forma como esta foi elaborada, com personagens bastante carismáticos e situações verossímeis; outro detalhe: ela não choca o expectador com seus procedimentos cirúrgicos (o que a torna fácil de ser assistida por pessoas mais sensíveis).


Concluindo: com exceção de duas (Early Edition e Oz), todas as demais ainda estão sendo produzidas lá fora, prometendo muitos acontecimentos interessantes – ou nem tanto – e que, por conta disso, podem acabar caindo ainda mais no gosto do público ou, até mesmo, no esquecimento total. Tudo depende da habilidade dos escritores e produtores em continuar mantendo a fórmula adotada até aqui, tomando cuidado para não desgastá-la e, também, sem alterações drásticas, que mudem a essência de cada uma delas. Afinal, é triste ver como o personagem por quem nos apaixonamos no inicio de uma série, acaba totalmente modificado (a ponto de ficar Justificarirreconhecível) com o tempo. Não é uma tarefa fácil, pra falar a verdade. Por isso mesmo eu acho bom pensar bem antes de estender uma série mais do que o devido. Ponto para os produtores de Oz e, por enquanto, também para os criadores de Lost.

P.S.: essas não foram as únicas séries que eu vi na vida, apenas as que eu mais gostei e recomendo. Como gosto é uma questão muito pessoal, há quem não goste de drama por exemplo, fiquem à vontade para julgarem e exporem suas opiniões.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Ficção Científica - Recomendações, Parte 1: Literatura

Ficção Científica já foi muito mal visto pelo público em geral como algo sensacionalista e apelativo. Isto está, finalmente, mudando. Mesmo assim, ainda existe muita resistência.



Porque eu gosto deste gênero? Por que é quase uma regra que existam questionamentos, que façam você pensar. "Guerra nas Estrelas e Alien são ótimos filmes, mas não fazem nenhum questionamento", você vai dizer.



Capa do livro A Máquina do Tempo, de H. G. Wells

Ok, vamos definir então o que é Ficção Científica:
Na literatura e no cinema, podemos dividir as histórias em dois tipos principais: ficção e não-ficção.
Dentro de ficção, podemos fazer, pelo menos, três subdivisões: Ficção Ordinária, Ficção Científica e Ficção Fastástica.
Partindo deste ponto, a Ficção Científica deixa de ser um gênero e passa a ser algo muito mais abrangente. Aparentemente isso pode não fazer muito sentido, por isso, explicarei um pouco mais detalhadamente:

  • A Ficção Ordinária é aquela que se baseia no mundo possível (ou quase), naquilo que já existe, em termos de tecnologia, ou até que fuja um pouco disto, mas sem ser muito inverossímel.
  • A Ficção Científica, por sua vez, é uma "fantasia justificada", ou seja, se baseia naquilo que não é possível atualmente, mas pode ser possível em determinado lugar, determinada época ou em certas condiçoes.
  • Por último, a Ficção Fantástica é tudo aquilo que é inverossímel, impossível, e é pouco (ou nada) justificado.
Exemplos no cinema:
  • Ficção Ordinária: Magnólia, Titanic (apesar de inspirado em fatos, o filme é ficção)
  • Ficção Fantástica: Senhor dos Anéis, Guerra nas Estrelas
  • Ficção Científica: Alien, 2001 - Odisséia no Espaço
As pessoas confundem muito o termo. Guerra Nas Estrelas, por exemplo, não é Ficção Científica. É apenas uma fantasia ambientada no espaço.

Ficção Científica é aquilo que tem a ciência, possível ou imaginada - mas que seja pelo menos plausível - que serve como motivador do enredo, funcionando quase como um personagem da trama (todos os tipos de ciências, inclusive as Sociais).

Se você se interessar pelo "gênero" (vou usar esta palavra por questões de praticidade) recomendo enfaticamente a leitura de livros ao invés de se basear apenas pelo cinema. A literatura de Ficção Científica está, digamos, "anos-luz" à frente do cinema.

Há uma longa história que conta as origens da literatura de Ficção Científica. Por ser muito extensa, fiz um breve resumo, indicando suas principais épocas:


  • O início (final do século XIX até a década de 1920), em que o gênero não estava definido claramente, pois estava surgindo. Exemplos:
Livros de Julio Verne: Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem Ao Centro da Terra, Da Terra À Lua. Seus livros são didáticos, às vezes satíricos, com histórias cheias de aventuras.

Livros de H. G. Wells: A Máquina do Tempo, A Ilha do Doutor Moreau, Guerra dos Mundos. Diferente de Jules Verne, H. G. Wells tem livros mais "sérios" se voltando mais para a crítica social.


  • O segundo período (de 1920 a quase 1940) é o que criou o preconceito. E merecidamente! Revistas de contos eram lançadas, com literatura de péssima qualidade, em que jovens loiros e fortões lutavam contra ET's malvados pra ficarem com a mulher gostosona!
Durante este período, surgem importantes escritores, mas que vão se aperfeiçoar mais para a frente - e que serão, obviamente, citados.


  • O terceiro (década de 1940 pra frente), que é o período da "Ficção Científica Social", é, de longe, o período mais maduro. Foi a partir daí que o gênero começou a ser levado a sério.
Todos os livros citados abaixo são do terceiro período, e são considerados clássicos da Ficção Científica e, alguns, clássicos da literatura em geral. Serei bastante breve, pois não li a maioria destes (infelizmente), e, além do mais, este post é apenas um resumo.


"O Homem do Castelo Alto", de Philip K. Dick (autor dos livros que inspirou Blade Runner, Vingador do Futuro, Minority Report e O Homem Duplo).
Futuro do pretérito: como seria o mundo hoje se a Alemanha e o Japão tivessem ganho a Segunda Guerra?


Trilogia "Fundação", de Isaac Asimov (autor de livros como Eu, Robô , e de contros como O Homem Bicentenário)

Num futuro distantíssimo (12 mil anos depois da fundação do império galático) um homem aprende a prever o futuro através da ciência, e prevê a queda do império. Decide criar uma "Fundação", com pessoas selecionadas para formar o futuro Segundo Império. Existem algumas semelhanças com a realidade. Por exemplo: você sabia que Al Qaeda, traduzindo para o português, significa "A Fundação"?!


Este livro foi um dos que inspirou Guerra nas Estrelas. Li o primeiro da trilogia, e posso dizer que é excelente. Muita intriga política/econômica e até um pouco de religiosa. Recomendadíssimo!

"Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley
O mundo é totalmente controlado, as pessoas são pré-fabricadas em linhas de produção, de acordo com suas funções. Henry Ford é adorado como Deus, e até as relações amorosas são proibidas. É permitido somente o sexo, sem envolvimento amoroso. Um homem foge e descobre "os selvagens". O resto, meus amigos, é o que o livro conta.

"1984", de George Orwell
O mundo está dividido em três grandes blocos, que entram em guerra constantemente. As pessoas são controladas através das teletelas (um misto de TV e câmera) sendo vigiadas pelo partido do "Grande Irmão" (daí que vem o termo "Big Brother"). O governo faz de tudo para controlar a opinião de pessoas, inclusive retirando palavras do dicionário, fabricando notícias e até alterando os livros de história. Alguma semelhança com a realidade?
"Solaris", de Stanislaw Lem
Na órbita do planeta Solaris, que contém um "oceano inteligente", as pessoas que habitam uma estação espacial começam a ficar loucas. Um psicólogo é levado para resolver o problema, mas ele percebe que o problema é um pouco mais profundo: as pessoas da estação recebem a visita de outras pessoas que conheciam, mas que já estão mortas. O psicólogo recebe a visita de sua esposa, da qual era apaixonado, mas que tinha se suicidado. É a chance para ele se redimir (ou enlouquecer como os outros).
É um romance bastante psicológico, tratando de temas como o subconsiente.


"Neuromancer", William Gibson
Sinopse do livro: "Um hacker renegado, uma samurai das ruas, um fantasma de computador, um terrorista psíquico e um rastafari orbital num thriller sexy, violento e intrigante. De Tóquio a Istambul, das estações espaciais ao não-espaço da realidade virtual, o tenso jogo final da humanidade contra as Inteligências Artificiais...
Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, Neuromancer é o primeiro - e ainda hoje o mais famoso - livro de William Gibson. É considerado não só o romance que deu origem ao gênero cyberpunk, mas também o seu melhor representante."

"O Jogo do Exterminador", de Orson Scott Card
Como as viagens espacias demoram décadas, crianças da idade de 6 anos são treinadas durante as viagens espaciais para, quando atingirem a idade adulta, já estarem preparadas pra entrarem em guerra contra os inimigos da Terra. Cruel.


"2001, Odisséia Espacial", de Artur C. Clarke
A história da odisséia humana. Conta a evolução humana até o advento das máquinas inteligentes. Agora, para dar o próximo passo na evolução, o Homem precisa vencer uma delas. Com um final metafórico e louco (bem mais detalhado que o filme).

"Parque dos Dinossauros", de Michael Crichton
Cientistas descobrem que podem rescucitar dinossasuros apenas encontrando seus DNA's. É construído um parque de diversões com esses dinossauros, que são impedidos de se reproduzir. Mas a natureza acaba por contornar o problema.
Semelhante ao filme, porém mais cruel e pessimista. Humanidade x Natureza. Quem vence?
Saga "Duna", de Frank Herbert
Num futuro distante, dominado por um império feudal, os feudos planetários são controlados por Casas reais. Resumidamente, estas Casas disputam a posse do planeta Arrakis (chamado de Duna pelos nativos), um planeta desértico, que contém "a especiaria", produto extraído de vermes gigantescos que vagam pelas areias do planeta. Esta especiaria é capaz de dar alguns poderes para quem o tiver. O enredo é muito detalhado, e explora complexas relações políticas, religiosas, ecológicas e tecnológicas.

Ilustração do livro, representando o verme da areia

A grande inovação desta série foi utilizar elementos filosóficos, religiosos e psicológicos, até então raros na Ficção Científica.
A história pode ser considerada uma metáfora com a posse do petróleo e as guerras no Oriente Médio, sendo que as Casas representariam os países.

"Farenheit 451", de Ray Bradbury
O romance apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas anti-sociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. O personagem central, Guy Montag, trabalha como “bombeiro” (o que na história significa “queimador de livros”). O número 451 refere-se à temperatura (em Fahrenheit) a qual o papel ou o livro incendeia.
Considerado por muitos como "o poeta da Ficção Científica", Ray Bradbury é conhecido pela sensibilidade e melancolia de suas histórias.

Por enquanto serão só essas recomendações. Há muitos livros bons de ficção científica (muitos ainda não li). Como pode-se perceber, a literatura de Ficção Científica é muito mais madura que o Cinema.

Abraços!


Fontes:
Wikipedia
O que é ficção científica, por Marcus Valerio
História da literatura de Ficção Científica.

terça-feira, setembro 01, 2009

Análise: Nintendo Wii, ter ou não ter


Comprei recentemente um Wii. Isso a aproximadamente um mês. O brinquedo custou caro, por isso, acho importante dizer o que eu buscava no video-game e se isso foi atendido, ou seja, se valeu ou não à pena.

Não vou comentar sobre a rede da Nintendo, pois ainda não tenho acesso banda larga para avaliá-la.



O que eu não gostei



Falta de títulos "hardcore" de qualidade


Sim. Você que esperava aproveitar o Wiimote para ter uma imersão impressionante no seu jogo de tiro preferido, esqueça. Atualmente são realmente poucos os jogos ditos "hardcore", ou seja, jogos extensos que proporcionam maior imersão e blablabla.

Tem alguns títulos muito bons sim, mas são poucos. Alguns exemplos são: The Legend of Zelda: Twilight Princess, Metroid Prime 3, Resident Evil 4: Wii Edition, Okami, entre outros.


Review de Metroid Prime 3 pelo GameTrailers

E, claro, tem os games do Game Cube (citados mais abaixo), caso você não tenha jogado.

Porém, não sabemos o que o futuro nos reserva. Já vimos acontecer uma "virada", como no DS (que foi inundado por jogos de qualidade nos últimos anos mas que, no início, jó tinha jogos estilo "minigames"), ou pode virar um Nintendo 64, ficando com poucos jogos de qualidade.


Hardware fraco


Quando dizem por aí que os gráficos do Wii são fracos, eles não estão mentindo. Se você pretende comprar um video-game esperando gráficos impressionantes de última geração, passe longe.

Não, os gráficos não são iguais aos de Playstation 2. Longe disso. São muito superiores! Porém, alguns jogos (os maus exemplos, daqueles feitos nas coxas, é claro) realmente parecem feitos para a geração passada.

Também vamos esperar pelo futuro, pois as third-parties só estão aprendendo a manipulá-lo agora. Mesmo assim, nada que se compare a um XBox 360 ou PS 3.


Pouca integração multimídia


Se você espera uma completa interação multimídia, com seu video-game sendo muito mais que um video-game, também não é uma boa opção.

Ele não lê DVD, não tem HD para armazenamento e não lê MP3 (apesar de ter porta para cartão SD e porta USB).



O que me deixou bastante satisfeito



Franquias da nintendo


Essa é a mais óbvia, no meu ponto de vista. Se você curte estes games (como eu), temos Super Mario Galaxy, The Legend of Zelda: Twilight Princess, Metroid Prime 3, e temos também Metroid: Other M (que está para ser lançado), entre outras, que você nunca verá nos outros videogames.

Lembrando que a Nintendo sempre se preocupa em fazer jogos de qualidade, com bastante esmero.


Jogabilidade inovadora, simples e intuitiva


Fato: muita gente que não curte video-games acaba jogando por causa disso.

Nunca imaginei que veria vários tios meus jogando video-game! A jogabilidade simples e sensitiva à movimentos atrai qualquer marmanjo! Até a minha avó disse: "Nossa, que controle bonito! Esses jogos são legais pra emagrecer!".....

Tá, isso que minha vó disse não é exatamente um elogio, mas acho que me fiz claro.


Excelente multiplayer


Como disse, o fato da jogabilidade ser simples atrai muita gente e, por isso, muita gente que nunca jogou consegue competir com veteranos.

Há jogos simples, pra quem nunca jogou (e mesmo assim, os veteranos se divertem muito, e sempre!), e há também aqueles que exigem treino (como Super Smash Bros Brawl e Mario Kart Wii).

Há outros tipos de jogos que só existem no Wii, como Wario Ware: Smoth Moves, com seu multiplayer divertidíssimo e hilário (e, às vezes, constrantedor).

O melhor video-game para a churrascada, sem dúvida!


Vários jogos clássicos para download


Para os saudossistas, agora é possível baixar os jogos antigos dos video-games da Nintendo (NES, SNES, Nintendo 64). Todos aqueles clássicos podem ser baixados legalmente pela Nintendo.

Ah, mas você não curtia Nintendo? Não seja por isso!
Você pode, também, baixar jogos de Master System, Mega Drive, Neo Geo, Arcade, Commodore 64 e Turbografx 16(PC Engine no Japão) também!


300 jogos para Virtual console (GameTrailers)

E antes que você diga "ah, mas eu posso jogar tudo isso de graça no emulador", eu digo que muitos emuladores não funcionam perfeitamente, que os jogos são baratos (de 3 a 10 dólares, podendo ser adquiridos via cartão de crédito internacional, o que elimina impostos), e que vêm com o manual original digital. Ah, em caso de formatação da memória do Wii (ou algum outro probleminha), o jogo pode ser baixado novamente de graça.


Retrocompatibilidade com o Game Cube


Se vc perdeu a geração anterior dos video-games (como eu), é uma ótima pedida. Ok, não é um PS 2 em termos de quantidade de jogos, mas tem muitos jogos bons sim - e os exclusivos da Nintendo, claro.

Jogos como F-Zero GX (eleito melhor jogo de corrida futurista da geração passada por muitos especialistas e eleito como jogo mais difícil* de corrida do mundo também), Wave Race Blue Storm, trilogia moderna do Prince of Persia, série Resident Evil e remakes (do zero até o 4, passando pelo Code Veronica), Mario Kart Double Dash, Super Mario Sunshine, Metroid Prime 1 e 2, Star Wars: Rogue Squadron 2 e 3, entre outros.


Review do F-Zero GX no GameSpot

Além do fato de que os gráficos do Game Cube são melhores que do PS 2. O único porém é que é necessário ter um controle e um Memory Card de Game Cube.


Conclusão

Sim, o Wii é um ótimo video-game, mas isso vai depender do que você espera. Se você é exigente quanto a gráficos e vai perder um bom tempo da sua vida tentando finalizar aquele jogo difícil, o Wii não é seu video-game.

Mas se você espera jogos rápidos e divertidos, recebe visita frequente de amigos e parentes, ficou de fora da geração anterior, gosta das franquias da Nintendo, ou até mesmo gosta de ambos os tipos de jogos (se você acha que alguns poucos "hardcore" bastam), o Wii é uma excelente opção.

Na minha opinião, atualmente, é difícil ficar totalmente satisfeito com um único video-game, infelizmente. Talvez, as melhores opções seja: Wii + XBox 360 ou Wii + PS 3. Se você já tem um PC potente, o Wii é altamente recomendado!

Abraços!
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